Cerâmica BA e outras
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A Bahia se destaca com seu artesanato em diversos segmentos, de forma marcante e peculiar, demonstrando as origens, a boa índole e o jeito tranquilo do povo baiano no manejo da vida.
Enfocamos aqui o barro, principalmente.
A cidade de Maragogipinho é um dos lugarejos baianos que criou sua vida sustentado basicamente pelo barro.
Nesta pequena cidade de muitas olarias se destaca uma personalidade ímpar o Mestre Alemrentino
A história de Maragogipinho na tradição oral e na documentação de alguns historiadores
A região, originalmente, era povoada por índios da tribo Aimorés. Diz a tradição popular, que as primeiras olarias foram construídas por padres Jesuítas em meados de 1800. O Mestre Almerentino afirma que a história que ouviu dos mais velhos foi que um pouco antes da chegada da Companhia de Jesus, os primeiros habitantes vieram da cidade de Jaguaripe. Eram oleiros que, em 1820, instalaram-se às margens do rio estimulados pela grande quantidade de argila existente no local, apesar do receio dos índios da aldeia de Santo Antonio Caboclo, que costumavam mariscar à beira-rio e deixar cascas de ostra no igarapé do manguezal. Os Jesuítas que já habitavam as cercanias, em 1821, resolveram atravessar o rio para pesquisar a vila e descobriram que a região também era rica em “pindobeiras”, de onde se extrai a piaçava, fonte de riqueza para exportação, explorada nos primórdios do vilarejo. Em 1822, os Jesuítas construíram a primeira casa de duas águas, onde fizeram um altar para celebração de missas. A população indígena foi, aos poucos, sendo expulsa da região pelos novos habitantes.
Segundo historiadores, em 1859,
D. Pedro II visitou o povoamento de Aratuípe, e ao descrever sua passagem pela antiga Povoação de Santana da Aldeia, faz menção à matriz de Santana e atribui à povoação uma população de 1.000 a 2.000 almas e ainda registra "72 índios muito mestiçados" nos terrenos da Capela de S. Antônio.
O lugarejo de Maragogipinho está presente, também, como ator principal da tradicional Feira dos Caxixis, na vizinha Nazaré das Farinhas. A tradição popular conta e um velho vendedor de louças de barro Francisco Medina, o popular Caboclo Velho, sempre repetia a mesma história: um oleiro chamado Patrício, natural da Vila de Maragogipinho, município de Aratuipe, numa Quinta-Feira Santa, subiu o rio Jaguaripe levando uma canoa cheia de objetos de barro feitos à mão para vendê-los em Nazaré das Farinhas. O sucesso das vendas foi tão grande que, no ano seguinte, ele voltou, desta vez, acompanhado de vários outros oleiros, que colocavam as peças em esteiras estendidas no chão. Hoje as peças são expostas em prateleiras ornamentadas. Iniciava-se assim uma tradição que já soma mais de dois séculos, desde os meados de 1800, e é o mais antigo evento ceramista do País.
Maragogipinho - Aratuípe - BA
distante apenas cerca de 12 km da cidade de Nazaré, também conhecida como Nazaré das Farinhas.
Ainda hoje, os produtos de cerâmica são produzidos na Vila de Maragogipinho. Originalmente, comercializavam-se apenas miniaturas de louças de barro, hoje são vendidos inúmeros produtos artesanais, principalmente artigos de cerâmica.
(Extraído do livro Guia Histórico da Cidade de Nazaré - 2ª Edição Revista e ampliada. de Abinael Moraes Leal )
O barro se transforma em luminárias, louças de barro diversas, objetos de decoração, vasos, pratos, potes, panelas, canecas, pires, esculturas, moringas, imagens, figuras de peixes, sapos, cães, a representação da lua, do sol e o famoso porco cofrinho vendido de todos os tamanhos, no Brasil inteiro. A idéia de transformar o porco em cofrinho ou mealheiro, segundo a tradição popular é atribuída ao Mestre Almerentino.
As peças de Maragogipinho ainda hoje são inconfundíveis, em função do acabamento com tauá, palavra indígena para a argila aluvional, rica em óxido de ferro, que lhes dá a coloração avermelhada, além de serem brunidas (lustradas). Semanalmente, saem do cais do rio Jaguaripe pequenos saveiros cheios de peças para serem vendidas nas feiras de Salvador e também despachadas para atender encomendas de outros Estados.
Pesquisa e Texto Israel Matos
Maragogipinho – foto do Atelier Tera & Cor