Benedito Santeiro MG
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Benedito com Nossa Senhora de Nazaré - 2014
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Escultura de Santa Clara
Benedito Eduardo de Carvalho, Benedito Santeiro, nasceu em 13 de outubro de 1947.
É natural de Conceição da Barra de Minas – Minas Gerais, onde morava com seus pais e irmãos num sítio de dois alqueires de propriedade da família.
Aos quinze anos veio residir em Nazareno MG e começou a fazer escultura em madeira – carrinhos de boi, igrejinhas. Nesta época começou também a fazer imagens de santos. Sua primeira peça sacra foi a imagem do Padre Heitor, vigário de Nazareno por 63 anos (um santo na voz do povo), uma encomenda do farmacêutico de Nazareno Ozar Nestor de Carvalho. Benedito era então um adolescente de 16 anos. Depois deste trabalho as encomendas se multiplicaram, e assim permanecem até os dias atuais.
Autodidata, esculpe suas imagens a maioria na madeira - cedro ou mogno e algumas na pedra sabão. São esculturas sacras de rara beleza, ricas em detalhes, que transmitem quietude e contemplação. Exuberante, sua arte exalta o antigo estilo barroco mineiro, com forte influência do “Aleijadinho”. As pessoas dizem que “é difícil ver suas imagens sem cair de joelhos”. São centenas de peças esculpidas para igrejas, conventos e santuários no Brasil e para atender encomendas em países Europeus, entre eles Portugal, Alemanha e França, além de peças para coleções particulares. Uma de suas obras está no acervo do Museu do Folclore Edison Carneiro, no Rio de Janeiro - RJ.
Texto - Israel Matos
Escultor - Benedito Eduardo de Carvalho
Nazareno - MG
(35) 99841-8507
www.beneditosanteiro.wix.com/beneditosanteiro
e-mail - beneditosanteiro@hotmail.com
Santo Antonio
Imagem em madeira - cedro vermelho - altura 22cm - 1983
Foto - Renato Wandeck
Nossa Senhora da Encarnação com resplendor, domo e peanha
Imagem em madeira - cedro vermelho - altura 62cm, com resplendor 90cm – 2005
Idealização - Israel Matos
Foto - Renato Wandeck
Nossa Senhora da Encarnação com resplendor - desenho original
Desenho rústico descrevendo os detalhes da imagem: resplendor, anjos, panejamento, domo e peanha
Detalhes
Coroa - Diâmetro 5cm na base x 7cm no topo x 6cm maior altura
Domo com Anjos
Peça decorativa - madeira - cedro - largura 38cm x 35cm altura - 2006
Arcanjo do lado esquerdo do DOMO
Peça em madeira, cedro, altura 37cm - 2005
par de Anjinhos no topo do Domo
Peças em madeira, cedro, altura 15 cm - 2005
Escultor João Caetano Leite
Nazareno - MG
(35) 3842-1365
Fotoblog - joao.leite.santeiro.nafoto.net
Foto - Renato Wandeck
Peanha-querubim
ainda sem as labaredas sobre a cabeça
Peanha-querubim - com labaredas sobre a cabeça
Peça em madeira - cedro - altura 40cm x 27cm largura - 2006
Nossa Senhora da Encarnação
A imagem paira andando suavemente sobre nuvens, circundada por anjos e querubins e tem o semblante em êxtase e a roupagem flutuando ao vento. O véu solto na aragem toca sua cabeça adornada por uma coroa de oito pontas e um aro vertical com 12 estrelas. No centro da coroa o Divino Espírito Santo representa a encarnação do verbo, que fecunda e gera Jesus, o Menino Deus.
Um manto esvoaçante cai pelas costas, sobre seus ombros, por baixo dos cabelos em mexas aneladas longos e abundantes, e se arremessa pra frente da imagem. Cada ombro tem como ornamento um anjo alado-querubim, em vigilante proteção.
A nuvem de múltiplos contornos tem como ressalto principal a forma de volutas- ornato espiralado e alguns cúmulos - nuvem que lembra novelos e flocos de algodão. É um trabalho rico em movimentos, um esplêndido elemento que se destaca por representar 1/3 do tamanho da imagem. Serve de pedestal e empresta à escultura um aspecto de pompa e suntuosidade.A imagem compõe um cenário mais amplo em conjunto com outras peças acessórias: um resplendor instalado por trás; um domo na parte superior; e um suporte de madeira esculpida – peanha de parede.
O resplendor com hastes que simbolizam raios de luz contorna toda a imagem. É um elemento suntuoso e de grande pompa que ressalta e enriquece a imagem com uma aura de espiritualidade etérea.
O domo é um adorno de rara beleza e simplicidade que está posicionado acima da imagem, largura 38cm x 35cm altura. Complementa o aspecto de pompa e suntuosidade, em conjunto com o resplendor. Simboliza também o coroamento final e mais amplo da imagem.
Sobre a peanha de parede - suporte de madeira – com 40cm de altura e 27cm largura, é instalada a imagem juntamente com o resplendor. A peça é esculpida na forma de um anjo alado – querubim, tendo acima da cabeça labaredas, irradiando luminosidade incandescente, em homenagem à Imagem da Virgem Maria, recebendo o verbo de Deus que se fez carne.
Detalhes
A coroa de madeira, tem oito pontas com trabalhos entalhados e partindo das laterais a envolve um arco com 12 estrelas. A coroa tem 4 cm de diâmetro na base e 7cm no alto das pontas. São 4 pontas maiores com formas arredondadas ao meio e terminação triangular. As 4 menores começam na sua base por arabescos que imitam folhagem ou mesmo nuvens e sua terminação pode ser vista como um fecho de varetas ou como o desenho estilizado do corpo de um anjo. No corpo da coroa, abaixo de cada ponta maior tem um mini-mínimo anjo querubim entalhado. Uma peça miúda destas sem nenhuma emenda tem detalhes de uma obra prima.
O Divino Espírito Santo é representado por uma pomba de asas abertas de 4cm de comprimento por 5 de largura. Ela voa sobre um resplendor mínimo na forma de um X, com 7cm de comprimento por 5cm de largura nas pontas. Tem três pontas superiores e três inferiores. Originalmente foi projetada para ser encaixado próximo às mãos de Nossa Senhora, mas ao término da imagem o Escultor colocou a peça saindo de dentro da coroa.
A imagem esculpida no mais puro estilo barroco mineiro, numa peça única de madeira – cedro - com generosa leveza de postura provoca a impressão de receber uma lufada de vento com seu panejamento esparramado, de volume amplo e movimento exuberante, majestoso e teatral. Combina a simplicidade dos traços e gestos da Virgem Maria com o suntuoso manejo das vestes, que evoluem e perpassam frente e costas da imagem. (São raras as imagens cujo panejamento frontal tem continuidade nas costas, normalmente os santeiros deixam reta a parte detrás.)
O rosto plácido está emoldurado por cabelos longos caindo sobre os ombros, o colo e as costas, em madeixas com cachos ondulados. Uma túnica longa de gola fechada com detalhes de pregueado contorna o pescoço esguio. As mangas largas e bem franzidas cobrem os braços e deixam surgir as mãos espalmadas que acolhem o fecho de luz reluzente e diáfano do Divino Espírito Santo. A vestimenta com um pregueado vertical abundante perfila o corpo criando um movimento de panos flutuando ao vento. Marca os seios, discretamente, e ressalta a cintura. A túnica desce até a altura dos pés descalços, deixando à mostra apenas os dedos, com unhas bem delineadas. Com uma passada curta muito elegante, leve e delicada, o pé esquerdo à frente, toca na lua minguante, sobre as nuvens.
O manto num movimento espetacular surge na frente por sobre o ombro do lado direito da imagem com um drapeado de múltiplas dobras e ondulações. Vindo de cima, passa por baixo do braço e se espraia para trás, se abrindo como um imenso leque alongado formando uma sequência de dobras de artísticos contornos esvoaçantes e sinuosos. Este efeito próprio da caraterística teatral e do exagero do estilo barroco é mais notado quando a imagem é vista pela parte lateral.
Vindo das costas pelo lado esquerdo com um denso e pesado volume de tecido, o manto cai lateralmente, uma fartura de panos que forma inúmeras ondulações bufantes em espiral ascendente. Partindo deste movimento o manto sobe e fica preso por baixo do braço e sua ponta se destaca com dobras e contornos e fica alinhada ao lado esquerdo do véu. Dependendo do ângulo de visão, neste prisma manto e véu se confundem como uma só peça. Outra parte do manto, de aparência mais leve, se esparrama como água formando o efeito de uma pequena onda num drapeado oblíquo e se espalha até próximo aos pés, cobrindo a frente da túnica. Sua borda vai margeando a frente da imagem e se prolonga lateralmente formando seguidas dobras e ondulações. Segue pelas costas na forma de uma calda curta, cobrindo todo o espaço por trás até os pés da imagem.
Sobre a nuvem, ladeando os pés da imagem dois anjinhos de corpo inteiro, nus, tocam trombeta anunciando a descida do Espírito Santo. E logo abaixo quatro querubins incrustados nas nuvens parecem sustentar a imagem, enquanto dois anjinhos de corpo inteiro, bem ao centro portam uma faixa de pano, que passando pela cintura lhes cobrem a nudez. Ao todo temos dez anjos compondo a cena da escultura de Nossa Senhora da Encarnação. Na escultura da nuvem se destacam três grandes volutas na parte detrás e pela frente uma sequência de pequenos cúmulos, tal capucho de algodão, de variados tamanhos e contornos. A nuvem termina com um corte reto e plano.
O resplendor tem ao centro um medalhão retangular de superfície lisa e abaloada e cantos arredondados. Em volta desta área, uma nuvem estilizada com pequenos arcos de contornos contínuos esculpidos em alto relevo. No terceiro plano, circundando veem-se hastes esculpidas na forma de três varetas juntas, sendo que a vareta do centro termina com uma ponta maior e as duas laterais, com pontas menores. Uma a uma as hastes foram fixadas com intervalo regular e o tamanho delas varia para se adaptar ao contorno de formato ovalado que se espraia pelos 28 elementos. Esta peça está presa por um pino de metal a uma base plana de madeira, uma bandeja, onde a imagem de Nossa Senhora da Encarnação é encaixada ao centro com um pino de madeira.
O domo é uma peça arredondada, feita em meia circunferência, semelhante a uma abóbada, encimada por uma cruz. Na parte frontal tem entalhado um medalhão que mais parece uma rosácea larga e assimétrica, com suas beiradas em alto relevo que formatam as conchas das pétalas, tendo ao centro uma coroa de louros, elementos que caracterizam seu estilo Dom João V ou joanino do Século XVIII.
No alto, aos pés da cruz dois anjinhos de corpo inteiro ornamentam o Domo, juntamente com a bela peça instalada na sua lateral: o Arcanjo Gabriel, com 30cm altura. Esta imagem reflete da mesma forma que a Virgem Maria, uma esplêndida beleza com suas mãos espalmadas na direção de Nossa Senhora da Encarnação. Sua roupagem apresenta um panejamento singular do mais puro barroco, com múltiplos contornos e pregueados soltos ao vento, formas que criam a singela impressão de estar suspenso no ar. Esta peça está ligada ao domo por um pino de madeira.
Texto-Israel Matos – setembro 2011